sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O banquete

“Que comunicadores seremos? Que comunicadores queremos formar na Universidade Pública?
Que alerta receberão para que contribuam à cidadania, para que possam exercer uma formação direcionada à ação político-cultural?
E não sejamos ingênuos a ponto de acreditar que a agenda social da Faculdade de Comunicação pode ser estabelecida sem que chamemos ao debate os segmentos de nossa cercania societária. Não fazer isso seria elaborar uma ideologia e adesivá-la à boca de todos os pais e filhos que crescem e morrem à margem da Academia.
O que as comunidades pensam da Universidade Pública, que não é apenas nossa?
Do que precisam?
Só elas mesmas podem saber. E que amparo e que possibilidades, dentro da Universidade Pública pode-se dar, por exemplo, a um artista do subúrbio, como o rapper?
Que respaldo pode ser dado à nossa cultura indígena frente uma Indústria Cultural “rolo-compressora”?
O que, em contrapartida, devemos nos perguntar: onde mais podemos formular políticas-culturais que administrem essas questões senão no âmbito da Academia, nas Escolas de Comunicação, especificamente?
Continuaremos a lançar nossos recém-formados às agências de emprego, em busca de um mercado que em nada tem a ver com a universidade, que em nada se preocupa com a identidade cultural da comunicação e das comunidades, sem ao menos termos tentado investir na construção de um novo mercado, alicerçado sobre bases mais democráticas?
Qual a síntese histórica que faremos e, melhor, de que forma a faremos?
Ou seremos, para sempre, um fim em nós mesmos, eternos críticos estetas, como um oco verso parnasiano?"


Rafael Lefcadito

Nenhum comentário:

Postar um comentário