quinta-feira, 26 de setembro de 2013

sobre a caridade

"Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade."

paulo freire

o tesouro mais precioso que temos




"é possível falar de solidariedade e que 'estamos todos juntos' em uma economia baseada na concorrência impiedosa? até onde chega a nossa fraternidade?

a grande crise não é ecológica, é política.

não se trata de retornar para os dias do homem das cavernas ou ter um 'monumento ao atraso' mas não podemos continuar indefinidamente sendo governados pelo mercado. e, sim, temos de governar o mercado.

pobre não é o que tem pouco, mas o que necessita de infinitamente muito e deseja e deseja mais e mais.

mas devemos perceber que a crise da água e a agressão ao meio ambiente não são a causa. a causa é o modelo de civilização que nós construímos. e nos temos que rever o nosso modo de vida.

meus amigos trabalhadores lutaram arduamente para conquistar direito às máximas 8 horas de trabalho. e agora estão conseguindo o direito às 6 horas. mas aqueles que conseguiram 6 horas precisam agora ter dois empregos, portanto, trabalham mais do que antes porque? porque têm que pagar uma infinidade de contas. a motocicleta que comprou, o automóvel que comprou e para contas e paga contas. e quando quer acordar, é um velho reumático como eu. e se passou a vida. e um se fará esta pergunta: este é o sentido da vida humana? essas coisas que digo são muito elementares. o desenvolvimento não pode ir contra a felicidade. tem que ser a favor da felicidade humana, do amor ao planeta, às relações humanas, do amor aos filhos, de ter amigos, de ter o elementar. precisamente, porque este é o tesouro mais precioso que temos."

josé pepe mojica, presidente do uruguay, na Rio +20 - 2012


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Presença

 
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
 
quintana