quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

I'll Try Anything Once



Ten decisions shape your life
You'll be aware of five about
Seven ways to go trough school
either you're noticed or left out
Seven ways to get ahead
Seven reasons to drop by

And I say, I can see me in your eyes
You said, i can see you in my bed
That's not just friendship, that's romance too
You like music, we can dance to

Sit me down
Shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you

There is a time when we all fail
Some people take it pretty well
some take it all out on themselves
Some, they just take it out on friends
Oh everybody plays the game
And if you don't, you're called insane

Don don don don't it's not safe no more
I've got to see you one more time
Soon, you were born in 1984

Sit me down
Shut me up
I'll calm down
and I'll get along with you

Everybody was well dressed
Everybody was a mess
Six things without fail you must do
so that your woman loves just you
Oh all the girl played mental games
and all the guys were dressed the same

why not try it all?
if you'll only remember it once


Sit me down
Shut me up
I'll calm down
And i'll get along with you

Ok, one more time.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

elogio à vagareza (para poucos)



eu sou O CARA QUE CHEGA PRA TOMAR CAFÉ BEM NO MEIO DA HORA DO ALMOÇO. mais do que querer um pão limpo numa chapa cheia de bifes medidos, ou a atenção de uma média clara e bem tirada do cara que está no modo servir um monte de sanduíches e salgados sórdidos pros apressadinhos, o que nos opõe é meu olhar de desprezo por quem ALMOÇA NA HORA DO ALMOÇO, porque (NÃO) ACORDOU NA HORA EM QUE TODO MUNDO (NÃO) ACORDA. de trás da minha média (razoável o suficiente para recriar a manhã), eu olho o mundo e essa cambada de almoçadores ao meio-dia não com pena, mas com raiva por eles serem assim tão lamentavelmente sincronizados, poluindo as ruinas onde moro com a FALÁCIA DE QUE O MUNDO AINDA NÃO ACABOU. e então estico a manhã mais ainda, até o meio da tarde, para começar o dia olhando o congestionamento zumbi, os ternos suados e os cérebros derretendo de cima. um citadino com cotidiano de camponês vive no pior de dois mundos, aquele onde se planta dinheiro e se colhe faustão (NÃO HAVIA UM ANTICRISTO MAIS EMOCIONANTE?), aquele que não serve pra nada. quando a muvuca acaba, e os primeiros humanos não-sincronizados começam a surgir, progressivamente mais barulhentos (putas, emos, policiais de elite), agradeço a MALUF por, em seu delírio, ter construído as ruínas onde habito e as que delineiam o horizonte, e finalmente penetro no paradoxo. (os sincronizados rolam na cama, preparando-se para o momento em que [não] acordarão e se arrastarão para fora de novo, de novo, de novo, de novo). EU ACARICIO OS PÉS DE UMA NIFETA EM SONHO. quando levanto, sorrindo, eu sou O CARA QUE CHEGA PRA TOMAR CAFÉ BEM NO MEIO DA HORA DO ALMOÇO. de trás da média (razoável o suficiente), eu esboço um meio sorriso. afinal sou bem sortudo, um daqueles que o supremo roteirista escolheu para escapar de ser zumbi neste filme.


por alex antunes

img: Les Cités Obscures, de Benoît Peeters e François Schuiten