domingo, 12 de setembro de 2010

É para lá que eu vou


“Na ponta da palavra está a palavra. Quero usas a palavra “tertúlia” e não sei aonde nem quando. À beira da tertúlia está a família. À beira da família estou eu. À beira de eu estou mim. É para mim que vou. E de mim saio para ver. Ver o que? Ver o que existe. Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois - depois tudo é real. E a alma livre procura um corpo para se acomodar. Mim é um eu que anuncio. Não sei sobre o que estou falando. Estou falando do nada. Depois de morta engrandecerei e me espalharei, e algém dirá com amor meu nome. É para meu pobre corpo que vou. [...] À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. A que diz palavras. Palavras ao vento? Que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo. Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto. Oh, cachorro, cadê tua alma? Está à beita do teu corpo? Eu estou à beira de meu corpo. E feneço lentamente. Que estou a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós.”

Clarisse, “É para lá que eu vou”.

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