terça-feira, 20 de outubro de 2009

Em quatro dias eu estaria seco. E seria um retorno, na realidade. Por que no primeiro, fui pego de calças curtas. Me puxaram pelas canelas pra eu ficar de pontacabeça. Mas é como fazem com as galinhas após o abate. Elas, se soubessem como é difícil administrar todo o sangue na esfera do crânio ainda vivo, duvido que fariam tanto escândalo. Mais fácil é deixar-se ser decepado e dar vazão ao vermelhoespesso. No segundo, tentei colocar tudo em ordem, ainda que continuasse pendurado pelas pernas. Até escolher a Ordem que mais me convinha, perdi um certo tempo. Daí, passei a fazer uso das mãos, ouvidos e até dos olhos apesar de tanto desconfiar deles. As narinas não pude usar, por que elas logo se revelaram um duto rigoroso. Pelas minhas narinas eu me coloquei do lado de fora. Esparramei-me pela terra úmida tornando-a um tanto mais germinável. Que espécie vegetal nascerá dali? Com o terceiro dia, quis acreditar que eu podia muito. Um pêndulo tem toda a liberdade desse mundo, dentro dos limites que a corda e ar dão... Eu me arrisquei um pouco. Balancei. Senti o vento. O impulso, evidente, vinha de meu abdômen, que como uma usina, agia dando movimento aos fluidos de meu corpo. Mais sangue pelas narinas. Amanheceu. Eu quis ser original. Mas estou indisposto. Pois não fui sendo ressecado nos últimos dias?

e.m.

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